sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Empresas erram ao pedir qualificações além do necessário

"No processo seletivo, é comum as empresas exigirem qualificações e competências que vão além daquilo que é importante para a função. Isso ocorre em menos de 50% das vezes, mas é comum"

Quem nunca se deparou com uma descrição de vaga para um cargo operacional que pedia dois idiomas fluentes, de preferência com vivência no exterior, pós-graduação e sete anos de experiência no setor? Um dos motivos para tantas exigências, na avaliação do gerente, é a falta de um conceito definido de cargos e salários.

"As empresas seguem a tendência de mercado, que é de exigir que o profissional tenha dois idiomas fluentes e pós-graduação, por exemplo, sem refletir se, de fato, essas competências são necessárias para desenvolver as atividades do cargo. Elas querem sempre o melhor profissional, e não o mais adequado."

Outro provável motivo é a transição de executivos. Por exemplo, quando o diretor de uma grande multinacional muda para uma empresa de menor porte e tem carta branca para reestruturar a equipe, costuma querer o melhor grupo para si, seguindo o mesmo padrão de exigências, sem entender a nova realidade em que se encontra.

Conseqüências para a empresa e para o profissional
A pessoa que acaba sendo contratada costuma ter expectativas em relação ao trabalho que jamais serão cumpridas. "Como é muito qualificado, geralmente o profissional espera ser mais estratégico. Mas, se as atividades desenvolvidas não requererem tanta teoria, sendo mais operacionais, ele fica desmotivado. Às vezes, deixa a empresa. Então, a empresa perde tempo e o dinheiro investido no colaborador", explica.

A conclusão é de que o resultado é extremamente negativo para as instituições, principalmente para aquelas que são avaliadas de acordo com o indicador de performance. Esse indicador cai por conta do "turnover", que aponta qual é o tempo médio de permanência do colaborador contratado. "Isso desgasta o recursos humanos."

Para o contratado, o desgaste ocorre em âmbito pessoal e profissional. "A escolha ruim (do emprego) acarreta a curta passagem na empresa e a angústia da expectativa não concretizada. E o mercado faz uma leitura negativa desses casos. Entende-se que o profissional não conseguiu se adaptar", lamento...

Por sua vez, em um processo seletivo, esse profissional não consegue explicar o motivo do pouco tempo de permanência no último emprego, pois, para tal, teria de culpar a empresa, o que não é indicado fazer em uma entrevista.

Solução
O conselho para a empresa é, antes da contratação, definir como seria o candidato mais adequado à vaga, e não o melhor. É essencial também ser realista na hora de descrever a função a ser desempenhada aos candidatos.

O papel do candidato, por sua vez, é questionar quais atividades irá desenvolver e recusar se achar que está acima, em termos de qualificação, a não ser que precise muito do emprego. Nesse último caso, aceite a oferta, mas ciente de que não pode esperar muito do trabalho.

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